João Teodoro destaca como foi estruturado o Sistema Cofeci-Creci: um órgão central (Cofeci) que orienta seus órgãos periféricos (Crecis), sem, contudo, tirar-lhes o direito de agir com independência!
Segundo o economista austríaco Friedrich Hayek, “a defesa da liberdade individual repousa, em última análise, no reconhecimento das limitações do nosso conhecimento”. Nada mais verdadeiro. Para ele, a evolução social e econômica depende essencialmente do reconhecimento de que há limitações no conhecimento do homem, que o torna disperso e subjetivo. Ou seja, ninguém possui conhecimento completo sobre todos os aspectos da economia e da sociedade. O saber está disperso entre muitos, com perspectivas e experiências próprias.
Anos atrás, quando iniciei minhas atividades classistas no Cofeci - Conselho Federal de Corretores de Imóveis, uma das tarefas de que fui incumbido, na condição de Diretor Secretário, foi elaborar um novo Regimento para o órgão federal, e o Regimento-padrão para nossos Conselhos Regionais. Ao redigir os textos, ponderei que a corretagem de imóveis, no contexto social da época, já era muito mais abrangente do que o primitivo trabalho de aproximação de partes interessadas em comprar ou em alugar um determinado bem imobiliário.
Essa talvez fosse a realidade de 1962, época em que foi promulgada nossa primeira lei de regência profissional, a Lei nº 4.116/62. Com o tempo, no entanto, a evolução da sociedade e o advento da informática tornaram os negócios imobiliários mais técnicos e mais extensivos. Hoje, os Corretores de Imóveis desenvolvem trabalhos de mediação de venda, permuta e locação, além da gestão de loteamentos, alugueres e condomínios, e podem prestar assessoria a qualquer tipo de operação no mercado de imóveis, de forma especializada.
Por óbvio, o trabalho de orientação e fiscalização exercido por nossos Conselhos de classe tinha de acompanhar essa evolução. Mas, para isso, era preciso um organismo que definisse, de forma centralizada, as linhas de ação que seriam aplicadas nos Regionais. Daí emergiu a ideia do Sistema Cofeci-Creci, encabeçado pelo Cofeci. Entretanto, relembrando Hayek, não há planificação central capaz de aglutinar e processar conhecimentos dispersos entre inúmeros indivíduos, cada um deles com suas próprias idiossincrasias e expectativas.
Para Hayek, os planejadores centrais, por mais bem-intencionados que sejam, nunca acessarão todas as informações necessárias para tomar decisões eficientes. Frente a esse quadro, a diversidade de atuação profissional/empresarial reinante entre os inscritos no Sistema Cofeci-Creci motivou a criação regimental de vice-presidências e diretorias adjuntas, cada uma delas agindo em sintonia com sua própria especialidade na orientação aos Corretores e imobiliárias. Essa formatação propiciou interação e eficiência na gestão de nossos Conselhos.
Friedrich Hayek afirma que as inegáveis limitações do nosso conhecimento exigem a liberdade individual, para que haja crescimento econômico. Baseados nessa temática, estruturamos o Sistema Cofeci-Creci: um órgão central (Cofeci) que orienta seus órgãos periféricos (Crecis), sem, contudo, tirar-lhes o direito de agir com independência. Da mesma forma, estão estruturadas todas as atividades inerentes à corretagem imobiliária. Cada segmento age com total liberalidade. Assim promovem o próprio crescimento, e o de toda a comunidade.
Sobre João Teodoro: O paranaense João Teodoro da Silva iniciou a carreira de corretor de imóveis em 1972. Empresário no mercado da construção civil, graduado em Direito e Ciências Matemáticas. Foi presidente do Creci-PR por três mandatos consecutivos, do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná de 1984 a 1986, diretor da Federação do Comércio do Paraná e é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis desde 2000.
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