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Mercado imobiliário resiste à elevação da Selic

Apesar da elevação da taxa para 14,25% ao ano, com a alocação de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para fortalecer o Programa MCMV, inclusive criando a Faixa 4, e as expectativas promissoras com a reforma tributária, o setor deve se manter aquecido!


Selic

Em 15 de novembro deste ano (2025), o Brasil completará 136 anos de República. Já o Banco Central, criado pela Lei 4.595/1964, começou a funcionar efetivamente em março de 1965. Tem, portanto, 60 anos de existência. Todavia somente a partir de 2021, com a Lei Complementar nº 179, ele se tornou independente e passou a decidir, sem interferência governamental, sobre a taxa básica de juros, a famosa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). Antes disso, todas as suas decisões se subordinavam à vontade do governo de plantão.

 

Entretanto o Bacen, de acordo com a lei, é autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda, cujo ministro é nomeado pelo Presidente da República. Isso, de certa forma, mantém o organismo ainda dependente do governo federal. Aliás, embora as indicações para a diretoria do BC sejam submetidas à aprovação pelo Senado Federal, quem os indica continua sendo o Presidente da República. Porém, nos termos do art. 4º da LC 179/21, o mandato do Presidente do BC começa em 1º de janeiro do 3º ano do mandato do Presidente da República.

 

Assim, o atual Presidente brasileiro teve de “engolir” o economista Roberto Campos Neto, indicado por seu antecessor para a presidência do Bacen, por dois longos anos. Nesse tempo, a Selic, que esteve em seu menor patamar histórico (2%) de agosto de 2020 até março de 2021, chegou aos 11,25% ao ano. Não por acaso! A Selic é o instrumento mais imediato de que dispõe o BC para agir rápido no controle inflacionário. Mas o Presidente da República, quase toda semana, vinha a público criticar a política monetária do BC e a alta da Selic.

 

Pois bem! Em 1º de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo, indicado pelo atual Presidente da República, assumiu o comando do BC. Mas, fazendo ouvidos moucos aos reclames presidenciais, manteve a independência do Bacen. A Selic, que antes crescia 0,5% a cada reunião dos técnicos do Copom, passou a crescer 1%. Hoje, já está em 14,25% ao ano. A razão, claro, é manter o controle da inflação que, extrapolando a meta de 3% a.a., já ultrapassou a margem de tolerância (4,5%) e fechou 2024 em 4,83% ao ano. O Presidente, porém, nada reclama!

 

O mercado imobiliário vai resistir? Tudo indica que sim. O governo federal acaba de anunciar a alocação de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para fortalecer o Programa MCMV, inclusive criando no Programa a Faixa 4, para renda bruta entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. Não é muito, mas eleva o ânimo no setor. Os rendimentos no mercado imobiliário (FGV/IBRE) indicam ganhos anuais de até 36,6% em Minas, S. Paulo e Rio. Diz o Secovi/RJ que as vendas residenciais cresceram 16,2% em janeiro de 2025. A venda de escritórios manteve-se estável.

 

Por outro ângulo, as expectativas do setor em relação à reforma tributária são muito promissoras. A LC 214/2025 consolidou os redutores do IVA (Imposto de Valor Agregado), pleiteados pelo Sistema Cofeci-Creci, em 50% para as operações de venda e 70% para as de locação, agregando redutores de R$ 100 mil na base tributável de imóveis residenciais novos e de R$ 30 mil na de lotes. Todos esses fatores influenciam positivamente os pretensos compradores de imóveis, fazendo com que o mercado continue aquecido, a despeito da elevada Selic.


João Teodoro

Sobre João Teodoro: O paranaense João Teodoro da Silva iniciou a carreira de corretor de imóveis em 1972. Empresário no mercado da construção civil, graduado em Direito e Ciências Matemáticas. Foi presidente do Creci-PR por três mandatos consecutivos, do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná de 1984 a 1986, diretor da Federação do Comércio do Paraná e é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis desde 2000.

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