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Silvia Celani

O paradoxo de “Eduardo e Mônica”

Neste artigo,  João Teodoro, presidente do Sistema Cofeci-Creci, nos convida a à reflexão sobre a complexidade da natureza humana; mostra-nos que razão e emoção não são forças opostas, mas complementares!



Renato Manfredini Júnior, conhecido como Renato Russo, na década de 1980, foi um dos mais badalados ídolos da música brasileira. Como líder, vocalista, fundador e também compositor da banda Legião Urbana, ele transmitia em suas canções os anseios e inquietações de uma geração marcada por profundas transformações sociais e políticas. Sua obra musical evidencia-se por letras introspectivas e engajadas, que ecoam nos corações de milhões de fãs até os dias de hoje, como a intrigante e transcendente canção “Eduardo e Mônica”.

 

Nascido no Rio de Janeiro em 1960, Renato Russo desde jovem sempre demonstrou interesse por música e por literatura. Influenciado por artistas como Bob Dylan, Raul Seixas e Beatles, ainda na adolescência começou a compor. A inquietação e a constante busca pelo aperfeiçoamento o levaram a formar várias bandas, até se posicionar no cenário musical carioca. Já maduro, em 1982, ao lado de Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, fundou a banda Legião Urbana. O novo conjunto musical muito rápido conquistou o público.

 

A morte precoce de Renato Russo, aos 36 anos, em 1996, deixou imensurável vazio no meio musical brasileiro. As músicas do grupo sempre foram intensas e marcantes, sobre temas como amor, política, morte e algo, ainda atual: a busca por identidade. Alguns de seus álbuns, como “Que País é Este?” e “As Quatro Estações” tornaram-se famosos. Ambos são tidos como verdadeiros hinos para toda uma geração e acabaram por transformar a Legião Urbana em uma das mais importantes, requisitadas e inesquecíveis bandas do rock brasileiro.

 

Pois bem! “Eduardo e Mônica”, verdadeiro hino sobre o amor e a vida, eternizado na voz de Renato Russo, transcendeu as fronteiras do tempo e de sua geração. Nela, o compositor tece uma envolvente narrativa sobre um casal absolutamente díspar, mas que se une em indissolúvel laço de amor, desafiando todas as expectativas e convenções sociais. Muito além de uma simples história de amor, a canção apresenta um instigante paradoxo da experiência humana: Não há razão nas coisas do coração; mas não há coisas do coração sem razão.

 

A primeira parte do paradoxo evoca a ideia de que o amor é uma potência irracional, que supera a lógica e a razão; que, quando estamos apaixonados, nossas emoções são imprevisíveis, caóticas e, não raro, inexplicáveis. Na verdade, reforça a ideia de que a paixão, a atração e o desejo são forças poderosas que podem nos levar a decisões impulsivas, não condizentes com nossos valores. A segunda parte, “não há coisas do coração sem razão”, induz ao pensamento de que, por mais que possa parecer irracional, o amor sempre tem razão de ser.

 

A letra de “Eduardo e Mônica” - acessável pela internet - mostra que as escolhas que fazemos, as conexões que estabelecemos com outras pessoas, as experiências que vivenciamos, em nome do amor, moldam quem somos e dão sentido à nossa vida. O paradoxo nos convida à reflexão sobre a complexidade da natureza humana; mostra-nos que razão e emoção não são forças opostas, mas complementares. A razão nos permite tomar decisões conscientes; a emoção nos conecta com outras pessoas e nos dá a força para seguirmos em frente.

 


Sobre João Teodoro: O paranaense João Teodoro da Silva iniciou a carreira de corretor de imóveis em 1972. Empresário no mercado da construção civil, graduado em Direito e Ciências Matemáticas. Foi presidente do Creci-PR por três mandatos consecutivos, do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná de 1984 a 1986, diretor da Federação do Comércio do Paraná e é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis desde 2000.

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